O movimento da vida é espiralar

Acredito no movimento da vida de forma espiralar. Inclusive, tenho meditado visando a Kundalini (Sadhguru), que é o movimento da energia do nosso corpo energético espiralar.

Então, pensar de forma espiralar bate de frente com a forma de pensamento hierarquizada que subjuga o outro, já que não se pensa o tempo de maneira linear nem em termos de progresso.

Entender a vida como um movimento espiralar se pauta mais no sensível (Coccia), no ciclo da natureza que vai e volta de diferentes formas, sob diferentes faces (Filosofia Africana e Indígena; Orunmilá; Renato Noguera).

Por exemplo, se entendo a vida como uma linha, acreditamos que há o início, o meio e o fim: nascimento, desenvolvimento e morte como um fim. Esse tipo de pensamento vai influenciar em tudo, numa redação: introdução, desenvolvimento e conclusão. Só para citar um exemplo simples.

Se entendo de forma não linear, isto é, espiralar, sei que a vida é um processo, que a morte não é um fim.

Fiz uma entrevista com o artista visual Abiniel Nascimento, recentemente, e ele comentou algo nesse sentido: de que temos muitas formas de viver ou morrer; ou melhor, de nos conectarmos, nos relacionarmos: o que entendo como um corpo intermediário (Coccia).

É um movimento cíclico, mas um cíclico que se conecta. Ou seja, não são ciclos separados, mas é um similar às molas coloridas que a gente brincava quando criança (Geração 1990). Esse é o movimento espiralar da vida o qual acredito, atualmente.

O pensamento colonial, linear, separatista, voltado para a razão, se pauta pela desconexão, separa corpo e mente: nos propõe o insensível.

Já o pensamento espiralar se conecta, busca as relações, o sensível.

Se eu tenho um pensamento apartado, eu construo uma casa que me coloca num cubículo de concreto, apartado da natureza (Paulo Tavares): acredito que herdamos essa forma de pensar dos europeus e norte-americanos que se infiltraram/infiltram na nossa formação.

Mas se eu não separo corpo e mente, se entendo que o sentir é a razão e a razão é o sentir, vou construir o meu habitat em diálogo com a natureza (Krenak), como os povos originários pensam a floresta, por exemplo.

Então, resumindo, o pensamento linear e separatista não suporta o diferente e a imprevisibilidade (Glissant). Por isso, o colonizador, aquele que nos subjuga e nos restringe a sua mentalidade hierarquizada, linear e desconectada da pluralidade, visa anular, restringir, eliminar tudo que lhe é diferente.

Já, se eu enxergo a vida em espiral, conectada com a natureza, aceito a diversidade, o diferente, entendo a importância dos acordos.

Obrigada Aline Souza pela conversa que me motivou a esta escrita.

Recife, 15 de janeiro de 2023.

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