Um vaso
Uma árvore
descasca
Mas tudo vai passar
É
Tudo vai passar
A lagarta
se disfarça
no borrão
Pois tudo vai passar
É
Tudo vai passar
Olha o galho
que decora
esse chão
É, tudo vai passar
Sim
Tudo vai passar
Primeiro registro de gravação da canção em 18 de julho de 2020. Composta na Encruzilhada, em Recife, Pernambuco (BR).
Contextualização:
Eu tinha 31 anos de idade quando compus esta canção. Foram três décadas para perceber que tudo na nossa vida uma dia passa, sem que a gente espere, pois estamos vivendo ciclos em espiral que se abrem e fecham, vão e voltam em diferentes formas de expressão. A vida é um devir. E já que vai passar, que nos faça bem.
* * *
Excluí, sem querer, uma pasta com várias gravações e textos de composições do meu computador e do meu drive. Mas, para minha surpresa, uma delas estava esse tempo todo na minha área de trabalho. Rememorei várias gravações de instrumentais e canções que nem lembrava mais que tinha composto. “Tudo vai passar” foi uma delas. Na gravação em que o grave do violão toma a minha voz, eu canto com alegria, com a certeza de que ficaria tudo bem. Outra interpretação possível é a do derivar, pois nessa fase, eu já praticava a deriva como forma de sair de casa e também de me desafiar a me conectar com as pessoas. Não ter medo de interagir com elas ou com a imprevisibilidade do momento. Não foi difícil. A espontaneidade sempre esteve presente em mim. Bastou libertar minhas amarras para perceber isso.
* * *
Me emocionei ao me ouvir cantando “Tudo” vai passar. “Que canção bonita. Uma melodia fofa. Uma letra simples e bela. Eu a cantava bem… Por que a abandonei?” Que forma bonita de conversar comigo mesma quando eu componho.
* * *
Mais um vez camuflei o que sentia. “Tudo vai passar”, cantava com esta certeza. E passou.